Trilha Engenhos & Furnas

"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos". Frase imortalizada pelo sensacional "Charles Chaplin".  

Após ter vivido uma experiência maravilhosa no ano passado, resolvemos nos aventurar novamente nesta cidade exuberante, cheia de encantos e com um povo que se especializou em acolher bem os visitantes, e nós Aventureiros do Pedal nos sentimos em casa com tanto calor humano e tanta alegria.

Logo no início, nossa pequena festa foi agraciada e abrilhantada por um magestoso café da manhã oferecido pela secretária de Educação e Cultura da cidade, uma surpresa maravilhosa que nutriu nossos atletas. 

Ainda no centro desta cidade belíssima, os integrantes deliciaram-se com as belas paisagens do magnífico Solar José Rufino, cuja construção datada de 1818, apresenta uma arquitetura imponente e linhas com traçados dos tempos coloniais que encantam seus visistantes. 

Após a intensa sessão de fotos e de muito trabalho para tirar os ciclistas aventureiros de dentro do casarão, seguimos pela cidade rumo ao nosso destino, e a um cenário único que só se encontra aqui no brejo paraibano. Logo no início uma estrada de barro batido sendo vigiada por um casarão antigo e abandonado, serviu de ponto de apoio para o ousado ciclista fotógrafo que buscava sua foto perfeita. 

"E aprendi que se depende sempre de tanta, muita, diferente gente. Toda pessoa, sempre é as marcas das lições diárias, de outras tantas pessoas. E é tão bonito quando agente entende, que agente é tanta gente, onde quer que agente vá. E é tão bonito quando agente sente que nunca está sozinho por mais que tente estar. É tão bonito quando agente pisa firme, nessas linhas que estão na palma de nossas mãos. E é tão bonito quando agente vai a vida Nos caminhos onde bate bem mais forte, o coração". Escreveu o idescritível filho do Sr. Januário e Dona Santana, sem imaginar que estas letras retratariam os sentimentos de loucos ciclistas que voavam no chão do brejo paraíbano.

Seguimos com nosso percurso, nos esbaldando por entre antigos engenhos de cana de açucar. Enchendo nossos olhos e nos deslumbrando com o cenário da região. Alguns mais audaciosos se deleitaram naquilo que seria uma verdadeira "Utopia", e esbanjaram felicidade. Se possível fosse a parada final seria ali mesmo ao lado daquelas brilhantes garrafinhas cheias cachaças.  No inverno bebe em trago esperando que esquente e no verão pra refrescar, porque o dia é muito quente. A cachaça deve ter  mil virtudes diferentes, faz alegre ficar triste e faz triste ficar contente. Cachaça Matuta direto do Engenho Vaca Brava. 

O ato de pedalar (andar de bicicleta) está intrissicamente ligado a uma atitude de nossa infância, acredito até que é um dos poucos processos que fica empregnado em nossa memória. E como verdadeiras crianças que nunca deixamos de ser, fizemos jus e deixamos a emoção tormar conta. Meio a algumas parafernalhas antigas, alguns destes adultos enlouquecidos, deixaram de lado a seriedade, relembraram os tempos de outrora e aproveitaram os momentos.

Pedalar pelo brjeo paraibano nos permite ficar de frente a uma construção como esta. Como uma sentinela do passado, ela guarda a sua posição, observando o presente. O que teria um dia existido aos seus pés? Um velho engenho que cana de açucar. Achei de a sua altivez e a presença forte na paisagem, mereciam registro. Ostentando o nome da propriedade, ali continua ela imponete, magestosa sendo esculpida, colorida moldada pelo tempo. Em quantas outras fotografias esta mesma chaminé não se eternizou. É !! Pedalar pelo brejo paraibano tem destas vislumbrações.

Continuamos nossa aventura explorando o interior brejeiro, cortando fazendas, sitios e estradões. Em uma das trilhas nos deparamos com uma casa construida sobre uma imensa pedra. Em seu quintal haviam mangueiras, pitangueiras, laranjeiras, bananeiras e jatobás.  Haviam pés de laranja lima e cajueiro.  Alguns pássaros multicores pousavam por entre as árvores, beija-flores e sanhaços. Para os de audição mais apurada sua majestade, o sabiá, fez ecoar seu canto. Pena que eu não o tenha gravado. 

Mas quam pensa que no mundo do cicloturismo tudo são trilhas, paisagens bonitas, riachos e que só se tomam água, energéticos e eletrólitos, que só tem atletas..... Nós os "Aventureiros do Pedal" existimos para contradizer estas teorias e estas calúnias. Eis que no meio de ums destas bélissimas trilhas surge um singelo e confortável "BAR". Isso mesmo! não recordo que distrito é este, a unica coisa que tenho certeza é de que este pessoal não pode parar num lugar como este, pois a farra é sempre grande. Que o digo o propreitário, galinha guizada, arroz, cachaça e um bocado de cerveja..... Deu trabalho para tirar este povo daí !!

Depois de uma boa e gélida cerveja, retonamos às trilhas e olha que aconteceu a cena mais hilária do passeio, embora não presenciada pelos participantes.. Eis que este que vos escreve estava eternizando mais alguns momentos do pedal, tetando capitar a melhor imagem e simplesmente não percebeu que o ultimo integrante, o vassoura do grupo que neste momento foi o nosso querido "Delegado", passou... Deparei-me com esta imagem. Daí pensei: E AGORA ?? literalmente eu me ferrei. 

Homem macho e destemido como sou, resolvi enfrentar a boiada selvagem que estava à minha frente. Tomei folego, e pedalei. Gritando feito um louco me enfiei entre as feras selvagens, quando de repente a infeliz matriarca do bando, na intenção de proteger sua cria se vira para o meu lado sacudindo seus enormes chifres, fazendo com que eu e toda minha coragem fossem parar entre os canaviais... 

Aí que vem a parte hilaria da aventura. Fiquei clipado e com medo de levantar, quando de repente ouço um som familiar, era o nosso amigo Chatô que retornou para saber o que houve com o fotográfo, enquanto a turma toda esperava a alguns metros do acontecido alheios à minha coragem e a minha dor !!

E peladar com esta turma de amigos tem seus momentos inesquecíveis, e porque não eternizar esta bela cena, em que o devotado marido, carrega sua amada em seus braços para que esta não molhe seus pés nas aguas gélidas de um riacho. Como recitou o autêntico Fernando Pessoa ; "Eu quero um colo, um berço, um braço quente em torno ao meu pescoço. Uma voz que cante baixo e pareça querer me fazer chorar. Eu quero um calor no inverno... Um extravio morno de minha consciência e depois sem som, um sonho calmo, um espaço enorme, como a lua rodando entre as estrelas".

Seguimos por uma trilha que nos levaria a uma visita rápida às obras da conhecidíssima barragem de Camará. Na época do acidente ouvi muito falar do fluxo de água que vazou desta IMENSA barragem, porém ao ficar ao lado dela é que pude ter uma noção mínima do acontecido. Gigantesca construção que encantou os olhos dos participantes, que aproveitaram para eternizar o momento em várias fotografias. Hístórias para serem contadas a seus filhos, netos e bisnetos no futuro...

"Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas. Muitas vezes basta ser: Colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove.  E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar.  Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina". Palavras de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, doceira por profissão e poeta por vocação....  E é exatamente este sentimento que move os Aventureiros do Pedal, espalhando alegria e carinho, ganhando novos amigos seja ouvindo causos, tomando um café quente, uma pinga ardente ou simplesmente ganhando de uma criança um aperto de mão acompanhado de um sorriso. 

Em meio a pensamentos, divergindo dos modelos como retas opostas, busca o aventureiro uma significação de suas escolhas. Incorporado em suas dotrinas erros e acertos, procura distinções para suas ideias. Tendo alí à frente o final de mais uma trilha que atravessa as razões e as emoções. Depois de ter superado seus medos e seus anseios, reflete silenciosamente o efeito de suas apostas para aquele dia de aventura. E como cantou o paraibano José Ramalho Neto da cidade de Brejo do Cruz, "Depois que isso tudo acabar, vou ainda lembrar dos tropeços que dei, quando ainda era um amador, tudo o que eu fiz foi viver". 

Nesta trilha vivemos novos sentimentos, fizemos novos amigos e aprendemos que: "As oportunidades nunca são perdidas; alguém vai aproveitar as que você deixou passar; Aprendemos que quando o ancoradouro se torna amargo a felicidade vai aportar em outro lugar;  Que não podemos escolher como nos sentimos, mas posso escolher o que fazer a respeito;  Que todos querem viver no topo da montanha, mas toda felicidade e crescimento ocorre quando estamos escalando-a; Aprendemos que quanto menos tempo temos, mais coisas consiguimos fazer". Sábias palavras do dramaturgo inglês William Shakespeare. 

"To be or not to be: That´s the questios"

 

Confirma as fotos : 

Album 1 : Aventureiros do Pedal (Fanpage)

Album 2 : Por Henrique Menezes

Album 3  

Album 4 : Ubiracy ( Bira )

 

João Pessoa 07 de Junho de 2013

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