Pedal da Serra 2012 - Solanea PB 

TEMPO !!! Resumiria este pedal nesta simples palavra.

Um pedal onde nos esquecemos do tempo, aproveitamos cada momento, cada paisagem e cada sorriso....

Da sacada na varanda no hotel, meu relógio marcava exatamente 04:30 e uma fria e densa nuvem vem da serra

e cobre a cidade de Solânea, trata-se de um pequeno sinal de como seria o nosso dia.

Ainda da sacada, notei uma bodega, isso mesmo uma bodega já aberta ás 04:30 da manhã de domingo, e

como bons aventureiros não podiamos deixar de experimentar um típico café com broas de milho e sequilhos.

Dentro destas simplória e sortida bodega, sentir o tempo parar e lembrei dos tempos de outrora, ainda criança

ficava encantado com este tipo de comércio.

  

Este pedal relamente prometia, cerca de 150 ciclistas se amotavam ao redor do hotel, o clima de alegria e 

descontrção era dominante, varios grupos marcando presença e coversando, e no meio desta algazarra  

contagiante, uma breve cena rouba a minha atenção, a filha de um amigo o segura pelo capacete, puxa seus óculos 

como se quisesse ir junto com o PAI. Neste momento sem sombras de dúvidas este PAI parou no tempo e pensou

vou ou fico com o bem mais precioso da minha vida ??? "Vivemos um tempo de tanta violência que cenas de amor 

como esta nos leva a um mundo de sonhos e fantasias".

Logo no inicio percebemos que seria um pedal de celebridades, encontramos o Duque e a Duquesa de Patos. 

Mal sabia ele que mais para frente o pedal iria terminar mais cedo, culpa de uma peça da sua bike que quebraria,

Ah, se pudessemos nos antecipar ao tempo e prever estas coisas !!!     Ops!! De jeito nenhum não, com certeza não

seria bom, perderiamos as surpresas que o futuro nos reserva e em alguns casos nos acomodariamos... 

Assim que todos estavam a postos, alimentados e com suas maquinas prontas para zarpar, inciamos a pedalada

rumos ao desconhecido, e após alguns quilometros de asfalto, nos deparamos com uma bela vista da serra

que nos esperava, um descida IRADA de aproximadamente uns 400mts de altura e com uma extensão +- de 1km. 

No destaque o amigo Emano Dantas do "Pedal dos Manos", com sua maquina registrando todos os lances, e 

resguardando do tempo tais imagens, algumas delas ficaram gravadas apenas na lembrança dos ciclistas....

Após a saborosa descida, seguimos por estradas de barro desfrutando um clima maravilhoso, moradores com seus

cavalos dividiam espaço com nossas bikes, modifcando a paisagem e mexendo com a imaginação dos garotos e

adultos da região.

 E como nossa única certeza era, "Tudo que desce uma hora vai ter que subir e esta subida será

 proporcional a descida", enfrentamos este monstro de areia socada que o pessoal local chama de ladeira.

Chegamos na comunidade do Vidéo, mesmo sem ser um ponto de apoio oficial, alguns ciclistas tomaram água e

descansaram um pouco.

Na pequena Igreja de N.S. das Missões, um povo de uma fé ENORME, faz suas orações, e agradeçe a DEUS.

No destaque um amigo ciclista exibe com orgulho sua bike no topo de uma grande pedra, enquanto seu amigo refresca

o corpo e sacia a sede com um gole do liquido mais precioso por estas bandas. 

Seguindo alguns KMs, pedalando ainda com o clima típico do sul do pais chegamos ao primeiro ponto de apoio,onde

um casarão de dois andares meio que esquecido pelo tempo, nos remetia um tempo longíncuo, tratava-se de um

antigo deposito de um engenho, que segundo informações seria a construção mais antiga da região datada de 

meados de 1825 (muito tempo hein 11).

E ali nós intrépidos ciclistas fizemos nossa primeira parada, alheios ou não a história do lugar, saciamos nossa sede,

nossa fome e decansamos por alguns minnutos até seguimos o nosso incerto e sinuoso caminho.

Entramos em uma trilha de bananeiras, um vento ainda frio soprava em nossa face e daixa o pedal ainda mais 

agradavél. Com uma paisagem desta me posicionei sentado para consegui boas fotos dos amigos ciclistas que 

por ali passavam....

Eis que surge entre os ciclistas um sem vergonha casal de irmãos montando em seu burrico, como se nada 

estivesse acontecendo, encantado com as maquinas de duas rodas que por ali estavam passando, Marquin e Rubi,

estacionou e ficou observando o conserto de um pneu furado.

Seguimos nosso caminho, sempre de olhos bem arregalados em busca de boas fotos, uma grande árvore chama

minha atenção, meio a uma vegetação dominantemente rasteira esta imponente espécie sobrevive ao tempo e

principalmente ao Homem. 

Durante nossa trilha vimos um retrato da falta de água na região, represa de CANAFÍSTULA em seu apogéu esbanja

beleza com um espelho dágua de dar inveja ao oceano, e abastecia dos demais açudes e "baldes" hoje ela está nas

orações de todos os moradores da região. Como diria o velho rei do baião: 

"A vida aqui só é ruim quando não chove no chão, Mas se chover dá de tudo, Fartura tem de porção, 
Tomara que chova logo, Tomara, meu Deus, tomara".

Na tentativa de esquecer um pouco do sofrimento, vimos do alto da serra, a cidade de Areia (palco de um pedal

nosso e que será repetido) se faz parecer pequenina, a catedral sempre imponente e de cor marcante enaltece a

paisagem ainda verde, contrastando com a estrada de terra batida, cuja vegetação rasteira seca por falta de água. 

Hora de descer e enfrentar a serpente de terra, sinuosa e cumprida que nos separa do próximo ponto de apoio e 

Hidratação. 

Em fim o segundo ponto de Apoio e Hidratação, após um delicioso banho num mega tanque, fomos convidado pelo

anfitrião "Sr. TARSO" do Sitio CANAFÍSTULA a entrar em sua residência, uma casa grande com vários cômodos,  

passagens arredondadas e meias paredes, remetendo-nos a uma construção de tempos antigos, onde os mestres de

obras calculavam no chão o que iria gastar para "subir" uma casa.

O Sr Tarso nos ofereceu uma branquinha com um caldinho de mocotó, como somos filho de DEUS não poderiamos

fazer uma disfeita desta e após tanta insistência do mesmo nos esbaldamos entre prosa e risos com este simpático 

senhor que em seus cabelos grisalhos viu o tempo passar muito rápido..

Abastecidos e "hidratados" rumamos a cidade de Bananeiras, seguimos pela trilha sinalizada Guiados por DEUS e

orientados por nossos instintos de aventureiros enfrentamos honrosamente os ultimos 17 kms restantes e todas as 

ladeiras que estavam por vir.

Após uma subida que exauriu todo o meu ser, pois o sol já não estava mais tão complacente, resolvi sentar à sombra 

para esperar os amigos que vinham logo atrás e curtir a paisagem ali do alto, muito alto vale salientar.

Enquanto fotografava um belo casarão ao fundo, uma outra cena me chamou a atenção...

Uma jovem senhora, saiu próximo a mim subindo de uma hiper ladeira esculpida no barro, com um balde em sua

cabeça, me comprimentou educadamente sorrindo e seguiu seu caminho.

Neste momento lembrei de uma antiga marchina de carnaval que meu saudoso pai costumava ouvir:

"Lata dágua na cabeça, lá vai Maria, Lá vai Maria. sobe o morro e não se cansa". Ela é uma guerreira que

consegue enxergar uma luz no fim do túneo...

No inicio desta aventura descrita, eu citei ele "O Tempo", que mais poderíamos ver se o tempo passa tão de

pressa que não dá nem tempo de pensar, quando se percebe já foi, já aconteceu e não tem como voltar

atrás. Lamentações não adiantam, já foi, o tempo já PASSOU. Quem aproveitou guardou na lembrança e

em fotografias as maravilhas deste excelente pedal, quem não, só no próximo em outro Tempo.

Agradeço as velhos e aos novos amigos que participaram deste pedal, ao amigo Agnaldo pelo convite feito ao nosso

grupo e pela organização, e que no próximo ano o tempo vivido neste, sirva de experiência para prover melhorias e 

ajustes onde se fizer necessário...

Parabéns e muito obrigado.

Para finalizar deixo aqui um poema do ilustre Mário Quintana

O Tempo

Avida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa. 

Quando se vê, já são seis horas! 
Quando se vê, já é sexta-feira! 
Quando se vê, já é natal... 
Quando se vê, já terminou o ano... 
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida. 
Quando se vê passaram 50 anos! 
Agora é tarde demais para ser reprovado... 
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. 
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas... 
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo... 
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo. 
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz. 
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.


Confira mais fotos :

Album1 , Album2 (Por Henrique Menezes)

Album3 (Por Emano Dantas)

Album4 (Por Thiago Barbosa)

Album5 (Por Camila Lais)

Album6 (Por Wagney Bezerra)

Album7 (Por Bruno Fernandes)

Solanea 02 de Dezembro de 2012